Setembro de 2023 – Adotar soluções de Internet das Coisas (IoT) e Inteligência Artificial (IA) para a realização de funções, anteriormente desenvolvidas por humanos, sempre gera muitas discussões, especialmente, após o “boom” que ocorreu com o uso de ferramentas como o ChatGPT e dispositivos autônomos.

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Foto: Revista Carro | Desenho mostra atuação dos radares do sucessor do XC90

O receio de que essas novas tecnologias possam substituir a mão de obra humana cria, automaticamente, uma onda negativa sobre essas novas soluções. No entanto, para as empresas que buscam cada vez mais alinharem-se aos princípios da agenda ESG (Sustentabilidade, Social e Governança), este é o momento ideal para observar esse debate por uma nova ótica.

Os pilares da agenda ESG trazem consigo preocupações, especialmente no âmbito social – o “S” do ESG -, com a segurança das pessoas em seu ambiente de trabalho. Essa circunstância é igualmente aplicada a um dos mercados mais importantes do país, responsável por produzir mais R$312,9 bilhões e gerar R$9,77 bilhões em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM). Este setor é um dos pilares fundamentais da economia de nosso país, uma vez que o Brasil conta com grandes reservas minerais em todas as regiões territoriais, nas quais certas ações concretizadas em ambientes fabris evidenciam perigos e riscos inerentes.

Entretanto, todo esse mercado ainda é movimentado quase que em sua totalidade pela mão de obra humana e ocorrências como deslizamentos durante a extração do minério e a inalação de poeiras tóxicas causadoras de doenças respiratórias são acidentes que podem acontecer no dia a dia de um trabalhador desse setor.

Ainda que a segurança dos funcionários no ambiente de trabalho sempre tenha sido uma prioridade vital para empresas desse setor, as novas tecnologias possibilitam soluções mais eficazes, permitindo que as organizações redefinam suas abordagens à segurança.

Seja por meio da substituição dos colaboradores em áreas de risco pelo uso de robôs ou veículos autônomos, ou através da monitorização desses locais, a integração da tecnologia com a mão de obra humana precisa continuar sendo uma tendência atual desse mercado. Tecnologias como robótica, visão computacional e análise de dados permitem que as empresas antecipem possíveis problemas e evitem tragédias, além de possibilitar que desenvolvam novas formas de lidar com tarefas complexas.

Além de aprimorar a segurança, essa transformação digital possibilita a realocação dos colaboradores em funções que efetivamente requerem o discernimento crítico e analítico, habilidades essenciais à mente humana. Diante dos benefícios sociais proporcionados pela tecnologia, também há oportunidades para ganhos no âmbito ambiental – outro pilar do ESG. Máquinas autônomas conseguem ser mais eficientes do que os humanos em tarefas repetitivas, reduzindo, assim, o consumo de combustíveis fósseis que eram anteriormente utilizados pelos trabalhadores do setor.

Com isso em mente, a discussão acerca da adoção de IA e IoT no setor assume novas perspectivas. O foco não é substituir a força de trabalho humana, mas sim reatribuir os colaboradores para funções mais seguras, enquanto exploram todo o potencial que apenas as novas tecnologias podem proporcionar.

Por Cláudio Horta, diretor comercial de Metal & Mining da Engineering Brasil, formado em Administração de Empresas, pós-graduado em Gestão de Negócios e com MBA em Administração e Negócios pela FGV.

Publicação original: Revista Carro

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