Setembro de 2022 – A multinacional italiana Engineering, consultoria de transformação digital especializada em utilities, considera o setor de saneamento como um de seus “mercados principais”, disse Filippo Di Cesare, CEO da Engineering para a América Latina (Brasil e Argentina), à BNamericas.

“No Brasil, em especial, há muitos anos, investimos em soluções e hoje temos uma carteira de clientes de prestígio, com projetos que são referência para todo o setor”, disse Di Cesare.

A Engineering está trabalhando em três frentes com as empresas de saneamento: atendimento ao cliente, eficiência operacional e novos modelos de negócios/fontes de monetização, disse o executivo.

“A modernização trazida pelo arcabouço legal do saneamento obriga as empresas a passarem por uma transformação semelhante ao que ocorreu no setor de telecomunicações em décadas anteriores, em que o cliente passou de ‘refém’ de um serviço monopolista para se tornar o centro da ação”, disse Filippo Di Cesare.

O cliente [final], acrescentou, não é apenas um usuário passivo e deve ser atendido proativamente com qualidade e agilidade.

“Oferecer um melhor atendimento ao cliente envolve aprimorar o conhecimento (dados) das empresas sobre seus clientes para uma experiência diferenciada. Nisso, temos projetos e soluções inovadoras que permitem que as empresas se destaquem no mercado.”

Em eficiência operacional, a Engineering oferece soluções para operações inteligentes, aplicativos orientados a dados, gêmeos digitais, sensores para coletar informações, armazenamento em nuvem e aprendizado de máquina para identificar padrões e prever cenários.

Uma das principais soluções implantadas pela Engineering é o DHuO Data com inteligência artificial, que prevê perdas na distribuição da água coletada por meio de sensores que monitoram o consumo de água.

Di Cesare disse que a Engineering também está ajudando as empresas do setor a explorar novas formas de monetizar ativos e aumentar as receitas, como disponibilizar dados via Application Programming Interfaces [API] para ecossistemas externos ou fornecer serviços de valor agregado (VAS), oferecidos por terceiros em formato de marketplace.

Os novos serviços oferecidos aos clientes podem incluir venda de seguros, caixas d’água, serviços premium, limpeza, entre outros, disse ele.

De acordo com o executivo, o novo marco legal torna o segmento atrativo para investimentos privados, estabelecendo objetivos claros e indicadores de eficiência, e isso está gerando um grande impulso para investimentos em tecnologia.

Quanto aos contextos macro e político, disse: “Seria ingênuo dizer que a política não tem impacto. Na verdade, é impossível dizer que o setor não tem uma exposição natural à política. As obras de saneamento têm um viés ambiental e social e não é por acaso que enfrentam grandes dificuldades de execução e conclusão.”

O executivo se referiu a números do Tribunal de Contas da União (TCU), que mostram que o Brasil tem uma carteira de mais de 14 mil obras inacabadas de água e saneamento em contratos que totalizam 144 bilhões de reais.

O setor de saneamento, em especial, apresenta um grande número de projetos paralisados ou inacabados, principalmente devido à má qualidade das iniciativas, falta de recursos ou incapacidade da empresa contratada para realizá-los. A maioria delas remonta ao período anterior à entrada em vigor do novo quadro jurídico.

“Mas não há alternativa. O investimento em saneamento cresceu e crescerá muito nos próximos anos. O Brasil tem uma defasagem nessa área, pois não condiz com seu status de grande potência econômica mundial”, disse Di Cesare.

Publicação original: BNaméricas

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